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Dream Life in Paris

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Espelho, Espelho Meu: Antes de Julgar a Fé Vizinha, Olhe a Saúde Mental que Habita o Terreiro

No vasto e vibrante mosaico das crenças humanas, onde cada fé tece sua própria tapeçaria de rituais, dogmas e verdades, é uma inclinação quase instintiva, por vezes, lançar um olhar perscrutador – e frequentemente crítico – sobre o jardim alheio. No universo da Umbanda, essa rica e complexa manifestação da espiritualidade brasileira, não é raro encontrarmos ecos dessa mesma dinâmica. Comentários sobre o “radicalismo” de uns, a “superficialidade” de outros, ou a suposta “falta de fundamento” de certas práticas vizinhas podem surgir em conversas de terreiro com a mesma naturalidade com que se acende uma vela. Contudo, enquanto o binóculo da crítica se ajusta para focar as imperfeições externas, uma questão de importância vital pode estar sendo varrida para debaixo do alguidar mais próximo: a saúde mental e o bem-estar emocional daqueles que chamam o próprio terreiro de lar espiritual.

A Umbanda, em sua essência mais pura, é um chamado à caridade, ao amor incondicional, ao acolhimento fraterno e ao desenvolvimento constante do ser. Seus fundamentos nos convidam a ser faróis de luz em um mundo muitas vezes sombrio, a estender a mão a quem precisa, a sermos instrumentos da paz e da cura. Mas, o que acontece quando o farol está com a lâmpada enfraquecida por suas próprias tempestades internas? O que ocorre quando a mão que se estende está trêmula pela ansiedade ou pesada pela exaustão emocional não reconhecida? A verdade, por mais desconfortável que seja, é que a atmosfera de um terreiro, por mais sagrada e bem-intencionada que seja, não está imune às complexidades da psique humana. Antes de afiarmos nossas línguas para dissecar as falhas da fé alheia, talvez seja o momento de pegarmos um espelho – um daqueles bem grandes, sem filtro de Instagram – e direcioná-lo para dentro de nossas próprias casas de axé.

A Lupa Seletiva: Por Que é Mais Fácil Ver o “Problema” no Quintal do Vizinho?

É um mecanismo psicológico conhecido: a projeção. Aquilo que nos incomoda profundamente no outro, muitas vezes, é um reflexo de algo mal resolvido dentro de nós mesmos ou em nosso próprio ambiente. Criticar a rigidez de uma denominação religiosa pode ser uma forma de evitar o confronto com o autoritarismo sutil (ou nem tanto) que permeia nosso próprio grupo. Apontar o dedo para a suposta “exploração financeira” em templos vizinhos pode ser um desvio conveniente para não encarar as contribuições “voluntárias-compulsórias” que, por vezes, surgem em nosso meio.

Essa lupa seletiva não é, necessariamente, um ato de maldade deliberada. Pode ser uma defesa inconsciente, uma forma de manter uma autoimagem positiva do próprio grupo, reafirmando sua identidade e coesão ao se contrastar com o “outro”. No entanto, essa dinâmica impede um crescimento genuíno. Ao focarmos excessivamente nas falhas externas, perdemos a oportunidade preciosa de identificar e sanar as feridas internas que podem estar comprometendo a saúde mental e a integridade espiritual de nossa própria comunidade. O terreiro que se gaba de sua “pureza doutrinária” enquanto seus membros sofrem em silêncio com ansiedade, depressão ou burnout, está, na verdade, construindo um castelo de cartas sobre um pântano emocional.

Mergulhando nas Águas Turvas: Quando a Saúde Mental no Terreiro Pede Socorro (e Ninguém Ouve)

Para que o espelho cumpra sua função, precisamos ter a coragem de olhar para além da superfície cintilante dos pontos cantados e das roupas brancas impecáveis. É preciso investigar as correntes subterrâneas, aquelas dinâmicas nem sempre visíveis, mas profundamente impactantes, que podem transformar um espaço de cura em um catalisador de sofrimento psíquico.

Vamos encarar alguns exemplos, por vezes caricatos de tão absurdos, mas que, infelizmente, encontram eco em muitas realidades:

  • O Ciclo da Exaustão “Santificada” e a Culpa Institucionalizada:
    • O médium que acumula funções – cambono, ogã, responsável pela limpeza, organizador de eventos beneficentes e, claro, médium de incorporação em todas as giras possíveis – sob o discurso de que “a caridade não tem limites”. Esse mesmo médium, ao apresentar sinais de esgotamento físico e mental, pode ser sutilmente repreendido por “falta de firmeza” ou por “não estar se entregando o suficiente”. A culpa se instala como uma segunda pele, e o pedido de descanso é visto quase como uma heresia. O terreiro se transforma num moedor de gente, onde a saúde é sacrificada no altar de uma dedicação mal compreendida. A ironia? Uma entidade de Preto Velho, com toda sua sabedoria ancestral, jamais exigiria tal autoflagelo.

  • A Hierarquia que Asfixia e o “Poder” que Corrompe (Mesmo de Branco):
    • Dirigentes que, embriagados por uma autoridade mal interpretada, transformam a hierarquia necessária para a organização em um instrumento de opressão. Críticas são silenciadas, opiniões divergentes são vistas como insubordinação, e o medo substitui o respeito. Médiuns são humilhados publicamente por pequenos erros, fofocas são disseminadas como “avisos espirituais”, e um clima de vigilância constante se instala. O desenvolvimento mediúnico, que deveria ser um processo de florescimento, torna-se uma jornada de pisar em ovos, onde a espontaneidade é tolhida e a saúde mental é esmagada sob o peso do autoritarismo disfarçado de “disciplina”.

  • A “Taxa de Axé” e a Espiritualidade com Carnê:
    • A sustentabilidade financeira de um terreiro é uma realidade, mas a linha entre a contribuição consciente e a exploração pode ser perigosamente tênue. Quando “trabalhos específicos” começam a ter tabelas de preço dignas de consultoria empresarial, quando a participação em certos rituais é condicionada a “oferendas” vultosas, ou quando a dificuldade financeira de um membro é recebida com olhares de reprovação e sugestões de que “falta fé para prosperar”, a espiritualidade começa a cheirar a mercantilismo. O estresse financeiro se soma ao fardo emocional, e a busca por alívio espiritual se transforma em mais uma fonte de ansiedade.

  • A Negação da Ciência e o Diagnóstico Espiritual Universal:
    • Uma das armadilhas mais perigosas é a tendência de reduzir todos os problemas de saúde mental a causas exclusivamente espirituais. A ansiedade vira “encosto”, a depressão é “obsessão braba”, e a síndrome do pânico é “ataque de quiumba”. A busca por um psicólogo ou psiquiatra pode ser vista com desdém, como se fosse uma admissão de “fraqueza na fé” ou uma negação da capacidade de cura do próprio terreiro. Essa postura não apenas impede que a pessoa receba o tratamento adequado, como também aprofunda o sofrimento e o estigma associado aos transtornos mentais. A verdadeira caridade inclui reconhecer os limites da intervenção espiritual e encaminhar para o cuidado profissional quando necessário.

  • A Arena da Vaidade Mediúnica e a Competição Silenciosa:
    • Ah, a vaidade! Ela se infiltra sutilmente, disfarçada de “mediunidade desenvolvida” ou “conexão privilegiada”. Médiuns que disputam para ver quem “incorpora a entidade mais forte”, quem dá o “recado mais impactante” ou quem tem a “vidência mais apurada”. Essa competição, muitas vezes não verbalizada, gera um ambiente de inveja, insegurança e comparação constante. A alegria de servir é substituída pela ânsia por reconhecimento, e a saúde mental é corroída pela pressão de ser sempre “o melhor”, o “mais poderoso”. As entidades, com certeza, devem olhar para essa “Olimpíada do Ego Espiritual” e balançar a cabeça com uma mistura de tristeza e leve repulsa.

  • O “Salvadorismo” Desenfreado e o Autocuidado na Gaveta:
    • O médium que se sente investido da missão de resolver todos os problemas de todos os consulentes, 24 horas por dia, 7 dias por semana. Ele absorve as dores alheias como uma esponja, carrega fardos emocionais que não lhe pertencem e se esquece completamente de suas próprias necessidades. O discurso é nobre – “preciso ajudar a todos” – mas a prática leva a um esgotamento profundo. A síndrome de burnout se instala, a alegria se esvai, e o médium, que queria ser um salvador, acaba precisando, ele mesmo, ser resgatado das profundezas de sua própria exaustão mental e emocional.

  • A Exclusão Sutil (ou Nem Tanto) em Nome da “Tradição”:
    • Terreiros que, sob o manto da “pureza doutrinária” ou da “tradição ancestral”, acabam por perpetuar formas de discriminação. Seja pela orientação sexual, identidade de gênero, raça, condição social ou até mesmo por divergências interpretativas da própria Umbanda, a exclusão fere, magoa e adoece a alma. Um espaço que se propõe a ser de acolhimento universal não pode, em sã consciência, fechar suas portas – físicas ou emocionais – para quem quer que seja. A saúde mental de quem é excluído é diretamente impactada, mas a do grupo que exclui também se empobrece ao se fechar para a diversidade que enriquece a jornada espiritual.

O Reflexo Incômodo: Quando o Espelho Mostra Nossas Próprias Contradições

Olhar para esses exemplos pode ser desconfortável. Pode gerar negação (“Isso não acontece no meu terreiro!”), raiva (“Que exagero!”) ou até mesmo uma pontada de reconhecimento doloroso. O objetivo não é generalizar ou demonizar, mas sim acender um alerta. A hipocrisia não reside apenas em criticar a fé alheia, mas em fazê-lo enquanto se ignora as próprias mazelas, os próprios “absurdos” que podem estar florescendo silenciosamente dentro de casa.

Se um médium aponta o dedo para o “materialismo” de uma igreja vizinha enquanto se sente pressionado a fazer “doações generosas” para garantir seu “lugar ao sol” no terreiro, há uma dissonância que precisa ser examinada. Se criticamos o “dogmatismo cego” de outros, mas não permitimos questionamentos ou novas interpretações dentro de nossos próprios rituais, estamos reproduzindo o mesmo comportamento. Se falamos da importância do amor ao próximo, mas cultivamos um ambiente de fofocas e rivalidades internas, o discurso se esvazia.

A Coragem de Quebrar o Espelho (ou Melhor, de Limpá-lo): Um Caminho para a Cura Coletiva

A boa notícia é que nenhum terreiro está fadado a ser um campo minado para a saúde mental. A transformação é possível, mas exige coragem, honestidade e um compromisso genuíno com a mudança.

  • Passo 1: A Humildade de Reconhecer (Sem Desculpas Esfarrapadas): O primeiro passo é admitir que, sim, problemas podem existir. Abandonar a postura defensiva e estar aberto a ouvir as preocupações dos membros, mesmo que sejam difíceis de engolir.

  • Passo 2: Criar Espaços Seguros para o Diálogo (Onde a Verdade Não Ofende, Liberta): Incentivar rodas de conversa sobre saúde mental, dinâmicas de grupo, e canais de comunicação onde os médiuns se sintam à vontade para expressar suas angústias e sugestões sem medo de julgamento ou represálias.

  • Passo 3: Educação e Conscientização (Conhecimento é Poder, e Prevenção): Promover palestras, workshops e o compartilhamento de informações sobre saúde mental, inteligência emocional, comunicação não violenta e prevenção do burnout. Trazer profissionais da área da saúde para dialogar com a comunidade.

  • Passo 4: Revisão das Práticas e da Cultura Interna (O “Sempre Foi Assim” Não Pode Ser Desculpa para o Sofrimento): Questionar abertamente se certas tradições, hierarquias ou exigências estão, inadvertidamente, contribuindo para o estresse e o adoecimento mental. Estar disposto a adaptar e evoluir.

  • Passo 5: Fomentar o Autocuidado como Valor Inegociável (Médium Descansado Não Inferniza o Colega): Incentivar ativamente que os médiuns cuidem de si, estabeleçam limites, busquem ajuda profissional quando necessário e não se sintam culpados por priorizar seu bem-estar.

  • Passo 6: Liderança Consciente e Empática (O Exemplo que Inspira e Acolhe): Dirigentes que são modelos de autocuidado, que demonstram vulnerabilidade, que escutam ativamente e que lideram com compaixão são fundamentais para criar uma cultura de saúde mental positiva.

Ao invés de gastarmos nossa preciosa energia e tempo julgando a grama do vizinho, que tal investirmos em adubar nosso próprio solo? Um terreiro que se preocupa genuinamente com a saúde mental de seus membros não apenas cumpre com mais eficácia sua missão espiritual, mas se torna um farol ainda mais brilhante e acolhedor em um mundo que tanto precisa de cura, em todos os níveis. Que o espelho, antes um instrumento de crítica externa, se transforme em uma ferramenta de profunda e libertadora autoanálise, revelando não apenas nossas falhas, mas também nosso imenso potencial de transformação e amor. A verdadeira caridade começa em casa, cuidando da mente e do coração de quem caminha junto na fé.

Está preparada(o)? E aí, depois de encarar esse espelho da verdade, qual ‘viga no olho’ do seu próprio terreiro você acha que a galera mais finge que não vê enquanto aponta o ‘cisco’ do vizinho? Solta o verbo (com respeito, claro!) nos comentários!

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Pai Ney de Xangô

Pai Ney de Xangô

Sacerdote com mais de 25 anos de vivência e estudo na religião, e trago para este axé uma bagagem multidisciplinar.
Minha formação como Mestre em Educação, Pós-Graduado em Hipnose Clínica e Psicanalista me permite abordar os desafios e as potencialidades da jornada mediúnica sob uma perspectiva integrada. Acredito firmemente que o conhecimento acadêmico e as ferramentas terapêuticas podem ser grandes aliados no desenvolvimento de um médium mais consciente, equilibrado e potente em seu servir. Junte-se a mim nesta jornada de autoconhecimento e fortalecimento, onde buscaremos, juntos, os caminhos para um “médium saudável” em todos os sentidos da palavra.

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